; (re)rb~

arte, tecnologia e resistência // ricardo brazileiro

relato submidiático – instalações interativas

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Várias pessoas, de vários lugares, sentindo a necessidade de se (des)encontrar, para estudar, subverter, vivenciar a arte, culturar, estudar, estudar o meio, os outros. O Submidialogia 3 foi um verdadeiro choque-elétrico, subversivo e anárquico. Vivência de construção de famílias, desenvolvendo situações, ambientes e vidas coletivamente.

Os desenvolvimentos de ambientes interativos proposto no Submidialogia 3 aconteceram em alguns momentos do festival. O primeiro foi no segundo dia, no Mercado Central, onde circulam pessoas, crianças, adultos, comerciantes, turistas. O local é muito bonito, é o local onde acontecem eventos na cidade, onde as pessoas se encontram, trocam idéias. A intervenção foi uma construção de um ambiente jazzistico que tocava aleatoriamente instrumentos digitais, compondo músicas experimentais aproveitando que o local propiciava um ambiente livre e musical. As pessoas que estavam circulando pelo mercado estavam manipulando uma bateria eletrônica e um sintetizador através de captura de imagens, via webcam. Algumas crianças que estavam passando pelo local, perceberam que seus movimentos estavam influenciando na construção da música e começaram a fazer movimentos, como uma dança experimental e entraram em sitonia com a máquina. O ponto interessante na construção da ferramenta foram as crianças. Elas têm uma velocidade de percepção enorme, muito maior do que as pessoas conceituam. A sensibilidade, sempre em experiências, foi notória no desenvolvimento dos artefatos. Na parte técnica, foram usados um notebook, um teclado controlador, arduinos (hardware livre) e os softwares: Jack, Pure Data, Hydrogen, ZynaddSubFX, todos softwares livres, construídos colaborativamente.

Um segundo momento aconteceu na Avante projeto social da cidade de Lençóis. Foi montada uma instalação onde, através do uso da luz de velas, as pessoas pintavam, grafitavam, desenhavam num quadro digital, como um apontador lase artesanal ou um lasertag. O processo de construção da instalação foi improvisado pois a idéia era nos adequar com o os objetos do ambiente. Percebemos que as velas que estavam iluminando o espaço poderia ser nosso apontador, capturamos a cor da luz da vela, utilizando o Pure Data e depois, usando uma webcam, capturamos os movimentos da vela e construimos uma ferramenta no Processing que risca em tempo real os movimentos da vela. Novamente foi notória a participação das crianças, desde a compreensão da construção, como no manuseio da ferramenta, no qual nem precisou explicar seu funcionamento. A ferramenta foi uma prova de conceito de que é possível construir objetos que interagem com pessoas, objetos de um ambiente, da natureza. Essa conversa entre bits e átomos foi muito proveitosa durante as instalações.

Essa vivência de construção de ambientes que interagem com objetos orgânicos e não-orgânicos e o processo de desenvolvimento da ferramenta, encurta as relações entre o homem, a máquina e a arte, propiciando uma sinergia na construção de artefatos tecno-culturais. Essa mistura de hackers, artístas, pessoas, atores, público, objetos, aproxima o estado da natureza artística das pessoas, favorecendo construções coletivas, fundindo idéias e conflitando métodos.

“As características do hacker e do trabalhador cultural devem se fundir e desse modo formar uma ligação abrindo possibilidades de ações por todo aspecto social.”
Critical Art Ensemble

Written by rbrazileiro

janeiro 4, 2008 às 12:44 pm

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